O Coro Madrigale é um dos principais coros de Minas Gerais, Brasil. Aposta num repertório de qualidade com a intenção primeira de emocionar aqueles que o ouvem. Este blog é escrito por cantores e pelo maestro com a intenção de tratar de assuntos relativos ao universo coral (coros, maestros de coro, programações, obras corais, etc.)
Em outubro de 2012 vivi uma situação
singular: conheci a Igreja da Escolania de Montserrat (uma escola de meninos
cantores), na Catalunha (Espanha). No século IX, pastores que viviam próximos ao Montserrat viram luzes descendo céu por 6 sábados seguidos. Curiosos,
subiram até o alto do monte e numa cova encontraram uma imagem de Nossa
Senhora, a qual se chamaria Nossa Senhora de Montserrat (padroeira da
Catalunha). Construíram uma capela e posteriormente monges beneditinos ergueram
um mosteiro no alto do monte. A imagem sumiu durante a invasão árabe, e a atual
imagem foi talhada depois. Eles a chamam de La Morenita, porque é negra.
Pois naquele dia 19/10, apresentamos, eu e o
Coral BDMG na Igreja atual do mosteiro e uma apresentação em uma igreja como
esta vale uma viagem. Belíssima e cheia de um mistério que não se encontra em
todo lugar. Mas, há situações onde o passado nos vem à tona, como foi o caso.
Foi no século XVII que o coro dos Meninos Cantores de Montserrat foi criado. A
escola funciona como internato para crianças selecionadas a dedo, com idade
entre 7 e 14 anos. Lá aprendem a arte do canto e são obrigados a saírem tocando
dois instrumentos. É um motivo de orgulho para qualquer família da região ter
um filho ingresso nos Cantores de La Morenita. Vê-los cantando foi uma
maravilha!!!
Três alunos de música, colegas na Escola
Pro-Arte de São Paulo...
Os 3 alunos de Hans Joachin Koellreutter...
O mais velhos e mais experiente na
linguagem coral veio passar férias em Belo Horizonte...
O dois mais novos, desta capital, se
reuniram com ele para, para não perderem tempo, analisarem algumas partituras
da renascença...
O mais novo dos 3 resolve convidar alguns
colegas do Conservatório para ajudarem no processo de leitura das partituras.
Gente nova, mas com experiência em canto e coral...
O encontro deixa todos eufóricos e eles
resolvem montar um coro de férias para degustarem a “nova” música...
O pai deste mais novo, Alberto Pinto Fonseca, resolve
convida-los para se apresentarem em uma festa na Sociedade Mineira de
Engenheiros...
Ensaios todos os dias... disciplina
total... apresentação para 600 pessoas... sucesso!!!
Depois disso, dois caminhos: a dissolução
ou a continuidade. Para nossa felicidade optaram pelo segundo.
Ah!... Os três jovens estudantes: Isaac
Karabtchevsky, Carlos Eduardo Prates e Carlos Alberto Pinto Fonseca.
Foi muito bom ver que várias pessoas
têm na mente os músicos que compuseram o Madrigal Renascentista em sua primeira
formação. Poucos sabem que, antes do grande Afrânio Lacerda, o Madrigal foi
fundado e regido por Isaac Karabtschevsky. Aliás, saibam que ele começou a
carreira de regente à frente de um coro. E que coro!!!
Mas, uma outra figura foi mais
importante para o surgimento do conjunto, pois ele conhecia a turma daqui de
BH. Além disso, cedeu sua casa para muitos ensaios e seu pai foi o responsável
pela primeira apresentação do Madrigal na Sociedade Mineira de Engenheiros, em
02/02/1956. Mas apesar dos cantores da primeira geração dizerem que ele foi o
principal responsável pela criação do coral, isto não é citado em nenhuma de
suas biografias. De quem eu estou falando?
Vejam as fotos abaixo do Madrigal
Renascentista. Numa ele está regendo e na outra está cantando. O nome
dele está no final, mas, antes de olharem, façam um esforço para reconhecê-lo.
A mão é inconfundível (para aqueles que o conheceram)
De camisa escura e de óculos
Resposta: Carlos Alberto Pinto Fonseca. Em algumas ocasiões, enquanto Karabtchevsky estudava na Europa, Carlos Alberto regeu o Madrigal.
E assim termino a apresentação do
que já foi produzido por Whitacre dentro da ideia do Coro Virtual. A notícia
atual é que ele já prepara o próximo para este ano, e que há uma preferência,
pelo menos por parte do público, de uma peça bastante conhecida dele: The Seal
Lullaby. Vamos esperar para ver o que acontece.
E ontem recebi o e-mail de uma
cantora do Madrigale, Ana Valéria, que me provocou sobre um possível comentário
a respeito da ideia do Coro Virtual no dia a dia dos coros. Vamos lá: uma coisa
é entender o CV como uma ideia maravilhosa, outra é considerar que caminhamos
para a virtualidade dos coros.
Isto não existe, até porque a
produção do último, Fly to Paradise, custou algumas centenas de milhares de dólares.
E lembrem-se que os indivíduos do Coro Virtual são cantores de coro, cada um
com seu trabalho em sua cidade, seu país.
Além disso, algo tem que ser
entendido no Coro Virtual e que, na minha opinião, não pode se tornar uma
praxe: um cantor grava sua voz sobre um midi (que é o que acontece) e envia
para a mixagem. Se não fosse assim, não seria possível a montagem. Isto tira do
regente a capacidade de transformar, conduzir, reger a música, que é o que é
feito quando se apresenta ao vivo. Whitacre sabe disso. Tanto que ele viaja o
mundo com o seu conjunto de cantores, e não com o vídeo para ser exposto.
Tenho pavor daqueles cantores que
acham ser possível aprender tudo sozinhos e depois irem direto para a
apresentação. É o famoso: “não pude ir ao ensaio, maestro, mas estou estudando
em casa”. Ora, alguém é dono de uma interpretação e esse alguém, teoricamente,
deveria ser o regente. Se não se combina o que fazer num ensaio, olho no olho,
discutindo um texto, uma versão de interpretação, etc. como fazer com que uma
música exista?
Digamos assim: UMA COISA É UMA
COISA. OUTRA COISA É OUTRA COISA!!!
E que tenham todos um bom fim de
semana.
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
Virtual Choir (4) – Descubra o que
é.
E em 2013 foi produzido “Fly to
Paradise”, quarto projeto da série Virtual Choir. 5905 cantores, de 101 países,
enviaram seus vídeos interpretando suas partes vocais da partitura de Whitacre.
E como ele diz na ficha técnica:
“Aproximadamente 24 profissionais e
um pequeno exército de voluntários deram o seu máximo para tornar este projeto
possível, trabalhando mês após mês para assegurar que cantores de todas as
partes do mundo pudessem ter suas vozes ouvidas. E que vozes! Cantores de 6 a
98 anos. Cantores do extremo norte (Troms – Noruega) e do extremo sul (Hororata
– Nova Zelândia). Cantores de todas as raças, credos e cores, se unindo por uma
razão e uma razão somente: fazer parte de algo maior do que ele próprios.
Eu estou honrado de fazer música com
cada um e todos vocês. Juntos nós fizemos algo autêntico, especial e único.”
Com certeza uma composição especial
e histórica. E Whitacre já está preparando o Virtual 5. Cantores brasileiros, preparem-se!!!
Fly to
paradise
E tudo que ela sempre pensa é estar
em qualquer outro lugar além desse,
Porque ela se lembra de ter asas
Mas ela esqueceu que é como sentir
um paraíso de bençãos.
E tudo que eu quero fazer é voar,
voar,
Apenas voar.
E tudo que ela sempre pensa são
lembranças de voar através do céu,
Porque ela se lembra de ter asas
Mas ela esqueceu qual é a sensação
de voar.
E tudo que eu quero fazer é voar,
voar,
E tudo que eu quero fazer é voar,
Apenas voar!
Fly to
Paradise
And all she
ever thinks about is being in any other place than this,
'Cause she
remembers having wings
But she's
forgotten what it's like to feel a paradise of bliss.
And all I
want to do is fly, just fly,
Just fly.
And all she
ever thinks about is memories of soaring through the sky,
'Cause she
remembers having wings
But she's
forgotten what it feels like to fly.
And all I
want to do is fly, just fly,
And all I
want to do is fly,
Just fly!
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Virtual Choir (3) – Descubra o que
é.
“Water night” foi produzido em 2012
e reuniu mais de 3000 vídeos, de mais de 70 países. A peça é uma das mais
antigas escritas por Whitacre (1995), com texto de Octavio Paz Lozano (poeta,
escritor e diplomata mexicano que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1990).
De acordo com o compositor a “música
soou no ar” quando ele leu o poema. Levou apenas 45 minutos para escrever toda
a peça musical. Ela se tornou uma das mais populares obras de Eric Whitacre,
motivo pelo qual foi uma das escolhidas para o projeto.
Agua Noturna – Octavio Paz
(1914-1998)
A noite de olhos de cavalo que
tremem na noite,
a noite de olhos de água no campo
dormido,
está em teus olhos de cavalo que
treme,
está em teus olhos de água secreta.
Olhos de água de sombra,
olhos de água de poço,
olhos de água de sonho.
O silêncio e a solidão,
como dois pequenos animais a quem
guia a lua,
bebem nesses olhos,
bebem nessa água.
Se abres os olhos,
se abre a noite de portas de musgo,
se abre o reino secreto da água
que emana do centro da noite.
E se os fecha,
um rio, uma corrente doce e
silenciosa,
Te inunda por dentro, avança, te faz
obscura:
a noite traz sua umidade para as
praias em tua alma.
Water night
Night with the eyes of a horse that trembles in the
night,
night with eyes of water in the field asleep
is in your eyes, a horse that trembles,
is in your eyes of secret water.
Eyes of shadow-water,
eyes of well-water,
eyes of dream-water.
Silence and solitude,
two little animals moon-led,
drink in your eyes,
drink in those waters.
If you open your eyes,
night opens, doors of musk,
the secret kingdom of the water opens
flowing from the center of night.
And if you close your eyes,
a river fills you from within,
flows forward, darkens you:
night brings its wetness to beaches in your soul.
Após o sucesso da publicação virtual
de “Lux aurunque”, em 2010, Eric Whitacre partiu para um novo desafio,
aumentando o número de cantores envolvidos. Surgiu, então, “Sleep”, com mais de
1500 cantores de 58 países.
“Sleep” foi escrita em 1999 e tem
uma história interessante: o texto original era do poeta Robert Frost, mas
Whitacre não pediu aos herdeiros autorização para utilizá-lo, o que lhe rendeu
uma disputa que levou anos. Por fim, ele foi formalmente proibido de utilizar o
texto até o ano de 2038, quando se tornarão de domínio público. Solicitou,
então, no início do milênio, ao seu amigo Charles Anthony Silvestri que fizesse
um poema com a mesma estrutura do de Frost, que é a versão atual.
Infelizmente, a versão original, com
texto de Robert Frost, já não existe mais, pois Whitacre declarou que nunca
mais utilizará o poema, mesmo depois de 2038.
Sono
A noite paira sob a lua
Um fio de prata na duna escurecida
Fechando os olhos e descansando a cabeça
Eu sei que o sono está chegando
Sobre meu travesseiro, salvo na cama,
Mil imagens enchem minha cabeça,
Eu não consigo dormir, meus pensamentos voam,
Embora meus membros pareçam de chumbo.
Se houver ruídos durante a noite,
Uma sombra assustadora, luzes piscando...
Então eu me rendo ao sono,
Onde nuvens de sonho dão uma segunda visão.
Que os sonhos possam vir, escuros e profundos,
De asas e saltos esvoaçantes
Enquanto eu me rendo ao sono,
Enquanto eu me rendo ao sono.
Sleep
The evening hangs beneath the moon
A silver thread on darkened dune
With closing eyes and resting head
I know that sleep is coming soon
Upon my pillow, safe in bed,
A thousand pictures fill my head,
I cannot sleep, my minds aflight,
And yet my limbs seem made of lead
If there are noises in the night,
A frightening shadow, flickering light…
Then I surrender unto sleep,
Where clouds of dream give second sight.
What dreams may come, both dark and deep
Of flying wings and soaring leap
As I surrender unto sleep
As I surrender unto sleep.
Dedicarei esta semana ao trabalho de coro virtual
realizado por Eric Whitacre, compositor americano nascido em 1970. Vou repetir alguns posts, mas, agora, com a intenção de mostrar a sequência das 4 peças
realizadas até hoje. E outras virão, com certeza.
1.Virtual Choir (Lux Aurunque) – Post de
20/02/2013
A moda dos coros virtuais já pegou.
Basta acessar o Youtube e assistir a uma grande quantidade de montagens feitas
por pessoas de várias idades e nacionalidades. Mas a produção séria começou
com Whitacre, que tem sido uma das principais referências na nova música
coral. No vídeo abaixo, é possível assistir à obra Lux Aurumque, uma
experiência realizada em 2009 e que envolveu 185 vozes de 12 países.
A ideia é brilhante. O compositor
envia um vídeo e a partitura aos que se inscreverem. Neste vídeo, com opção de
gravação, cada participante registra a sua parte vocal e reenvia ao compositor.
É feita então uma mixagem de todos os materiais enviados surgindo, dessa forma, o
Coro Virtual. Fantástico!!!
Para quem ainda não assistiu um coro
virtual, aqui vai:
Lux aurumque
Lux,
calida gravisque pura velut aurum
et canunt angeli molliter
modo natum.
Luz
e Ouro
poema de Edward Esch
Luz
cálida e forte
como puro ouro
e os anjos cantam suavemente
para o bebê recém nascido.
Para aqueles que já assistiram ao nosso
espetáculo, feito em conjunto com este músico fantástico que é o Hely Drummond,
a boa nova é que ele voltará nos primeiros meses de 2014. Atentem-se!!!
Sou um fã incondicional desta nossa cantora
maior que agora, em 2014, completará 90 anos. Além de ter sido uma solista
maravilhosa, foi uma das figuras principais na história do mais importante coro de Minas Gerais: o Madrigal Renascentista.
Tive a felicidade de conhecê-la, em 2013, e
rapidamente nos tornamos amigos. Na última segunda-feira, ao visitá-la, fui presenteado
com este belo poema que é de autoria dela e mostra um pouco da relação que tem com esta dádiva. Apreciem, sem moderação!
E se é possível dar sequência à polêmica de como se chamar um músico, coitado também deste sujeito que resolveu um dia ser um
profissional da arte de criar. Coitado porque, além de ter a obrigação de ser a
mãe de um sem número de filhos sem pai, terá que competir na preferência do
público com aqueles muitos, do nosso tempo, que se dizem COMPOSITORES.
Como explicar aos leigos (sem caráter
ofensivo) que 99% do que se faz hoje já foi desenvolvido por muitos outros
autores há 200, 300 anos? Como explicar que a palavra cantada do nosso tempo
faz com que músicas simplórias, pobres, inofensivas, vulgares, chulas, sejam
tidas como grandes sucessos simplesmente porque o texto É MUITO BOM, mas que
não fariam sucesso se fosse publicado (o texto) simplesmente? Claro, as pessoas
não querem LER. Também não querem ouvir, pois se não tiverem o vídeo ensinando
a coreografia ou mostrando o cantor em um lindo show ao vivo, acústico, o
sucesso também não é garantido.
Claro que também não faço apologia aos
compositores de escola que insistem em produzir uma NOVA MÚSICA, a qual não nos
transmite nada, intocável, com quiálteras mil e mudanças de compassos
virtuosísticas, significantes para o ego de um criador que se considera um
deus, mas se esquece de que Deus tudo criou à sua imagem. E Deus é belo, pois a
criação dele é... (me ajudem aí com os adjetivos).
Mas faço aqui a minha homenagem aos muitos
que nos trazem filhos novos sempre. Desde os muitos bons até os não tão bons,
pois a essência da criação é o que movimenta o mundo. Que cada um ouça o seu
compositor preferido. Eu, de cá, me contento com estes três, mas pensando em
mil outros.
Muitos de nós que conduzimos grupos de canto, e que não nos definimos de uma maneira específica, também ensinamos. O termo óbvio
para esse trabalho seria professor de
canto, mas esse termo sempre me faz lembrar das senhoras de idade em salas de
estar, me mostrando os passos na frente de um enorme de piano que
elas, de alguma forma, conseguiam espremer em sua minúscula casa. E o mais
importante: implica um trabalho individual, de um para um , ao passo que eu só
trabalho com grupos.
O melhor termo (e único) que eu usei
até agora (e estou aberto a sugestões) é líder
de oficinas de canto (singing
workshop leader).
Mas, e se, como eu, você tem um monte de
papéis diferentes no mundo do canto?
Como indivíduo, você poderia ser um cantor
(solista), membro do coro (em sua igreja local) , líder de instituição (da sociedade
coral da cidade) , vocalista (que grava sua própria música ) e músico (cujo
instrumento é a sua voz) . Eu acho que o termo cantor abrange praticamente tudo isso.
Mas eu sou um arranjador, regente
(quando eu tenho um coro) , compositor (de vez em quando) , professor, criador de
apresentações e conferencista em oficinas - entre outras coisas. Qual o nome
para tudo isso?!
Quando eu trabalhava exclusivamente
no teatro, eu costumava me chamar de praticante de teatro para cobrir o fato
de que eu criava peças, dirigia, atuava na mesma e ensinava. Mas eu posso me
chamar um praticante de canto?
Afinal de contas, eu sou um praticante de Voz Natural (mas isso é um pouco
prolixo e nem todo mundo sabe o que significa).
Importa o como
você é chamado ?
Na verdade, sim .
Torna a vida muito mais fácil quando você
conhece novas pessoas ou se apresenta para os patrocinadores. Você começa por
explicar que você conduz um coro. E, então, você tem que refinar um pouco. Antes
de conhecê-lo, meia-hora se passou até entenderem a essência do que exatamente
você faz.
Eu tentei evitar isso no passado,
dizendo: "Eu faço coisas" . Então, as pessoas pensam que você está
sendo rude e evasivo. Ou eu dizia: "Eu trabalho com canto" e então a
conversa mudava para "Meu tio gosta de karaokê também!".
E, finalmente, há o seguro . Eu
pensei que haver resolvido quando uma empresa perguntou minha profissão e eu
disse ‘regente de coro’ (choirmaster). E eles tinham uma categoria para isso!
Mas, da vez seguinte, não havia nada lá começando com 'coro' ou 'coral'. Então, eu
tive que dizer que eu era um "professor de canto" (o que eu não sou)
. "Em que setor você trabalha?". Eles tentaram me colocar como professor
de canto particular, mas eu disse que trabalhava, às vezes, em um centro de artes. Então, agora eles me colocaram no segmento "educação". Assim, muitas
seguradoras entendem que eu ensino canto em escolas primárias!
É
só comigo?
Alguém mais tem esse problema de se definir
com precisão? Eu acho que se você está no mundo do canto tradicional ou do
mundo coral, isso é bastante comum. Talvez seja apenas esquisitos como eu, que
gostem de habitar os espaços entre as coisas.
(Agora, diz o Arnon: o artigo é precioso para nós, que trabalhamos com coros. Há outros aí, em outras profissões, que também não sabem o que são? Manifestem-se. Abraço e até amanhã. Continuo sendo um DITADOR BENIGNO, apesar de não constar essa profissão em nada que conheço.)
Obs: Chris Rowbury é professor paciente e carismático há 30 anos. Tem um estilo relaxado e repleto de humor. Ele leva as pessoas a cantarem em uma maravilhosa harmonia em uma questão de
minutos. Mora no Reino Unido onde conduz coros comunitários e oficinas de
canto.
Este é um post escrito por Chris Rowbury
(de quem eu falo no final) que eu achei sensacional. A tradução é livre. Portanto, aqueles que quiserem ler no original, acessem http://www.choirplace.com/blogs/78/603/singer-or-chorister-choirmaster. Como o texto é um pouco longo, dividirei em dois posts. Por isso, leiam o de hoje e não percam a sequência no de amanhã.
Diz ele:
Eu de repente percebi que eu não sei mais
como me chamar. Eu costumava me chamar de 'maestro' (que achava que soava elegante ) .
Mas, e quando eu não estou conduzindo um coro, como devo me chamar?
E o que dizer
de cantores? Eles são apenas ‘cantores’ ou são coristas ou membros de coro? Vejamos:
Paus e
Pedras podem quebrar meus ossos...
Então você é um cantor em um coro. Isso faz de você um corista (soa meio fantasioso)? Ou quem sabe você seja apenas um membrodo coro?
Se você não está em um coro e apenas
canta por prazer, poderia se chamar de menestrel ou mesmo de trovador.
E se você se apresenta em público, poderia até ser uma vedete
(com tudo o que este termo implica ) ou um crooner.
Ou simplesmente um performer ou um artista.
Se você é cantor de uma banda , você
geralmente é chamado de vocalista,
que é o mesmo termo usado, às vezes,
para os cantores de apoio (backing
singers). E se você não canta fora do seu banheiro, poderia ser um cantor amador ou um rouxinol.
Eu suponho que, se você leva isso a
sério, vai se referir a si mesmo como um músico:
"Minha voz é meu instrumento." E se você ajuda os outros a encontrarem
suas vozes, você poderia até ser um músico
comunitário.
...
mas nomes não podem me definir.
Eu peguei o termo ‘maestro’ assistindo a Gareth Malone na TV. Eu procurei em
um dicionário, e ele dizia : "Uma pessoa que treina , lidera ou conduz um
coral." Soa muito pontual para mim! Mas e os pequenos conjuntos de canto
que eu costumo "treinar , liderar e conduzir"? Eles não são coros. Então, eu não sou um maestro.
Que tal regente ou diretor musical?
Bem, eu fiz mais do que apenas reger e mais do que simplesmente dirigir.
De
boca cheia, acho que eu poderia dizer que eu era o líder de um pequeno conjunto vocal. Mas as pessoas poderiam pensar que eu era a voz principal, como o violinista principal (spalla) em uma
orquestra, em vez do professor, regente, diretor e arranjador.
Se maestro soa demasiado informal, então você pode sempre usar diretor de coro ou regente coral ou, menos formalmente, líder do coro, embora todos sejam pouco elegantes e chiques para o meu gosto e evoquem pensamentos maçantes e
empoeirados.
Se se sentir humilde, você poderia
ser apenas o facilitador do coro. Se
megalomaníaco, escolha chefe ou mestre. Eu, para mim, prefiro ditador benigno.
O Conservatório está na
Avenida Afonso Pena, a mais importante de BH, em frente ao Palácio das Artes. Para
os que não residem em BH, vale a informação de que, a cada domingo, uma feira
de artesanato e alimentos que recebe um grande número de pessoas. É claro
que nossa principal preocupação era se teríamos uma atenção mínima do público,
o que se revelou uma preocupação descabida, pois além da atenção temporária dos
transeuntes mais apressados e preocupados com as últimas compras de Natal,
tivemos uma plateia particular, atenta e extremamente interessada na nossa
apresentação.
Talvez tenhamos chamado a atenção das
pessoas no teste rápido de som que fizemos, quando cantamos um trecho curto do
Hallelujah, de Haendel. Esta peça é, de fato, um fenômeno. Não há quem não se
atente quando os primeiros “aleluias” são cantados. E nesta apresentação,
cantamos:
A city
called Heaven – Negro spiritual
What a
wonderful world - Weiss / Thiele
The Lord's
prayer - Albert Malotte
Holy night
The Lord bless
you and keep you - John Rutter
Ave Maria - Caccini
Noite Feliz - Franz Gruber
Hallelujah - G. F. Haendel
Um ponto a ser destacado, além da excelente
fase atual do Madrigale, foi a atuação das duas solistas dos programas de
natal: Patrícia Cardoso Chaves e Clara Guzella. A primeira com sua possante
aveludada voz, cantando a Ave Maria, de Caccini; e a segunda com suas intensas
interpretações de negro spirituals, além de cantar e reger o público no Noite
Feliz.
E cumprimos bem o nosso papel em 2013!!!
Sigamos, emocionando...
Negro Spiritual "A city called Heaven"
Clara Guzella
Contraltos
O Holy Night
Gustavo Fonseca e Clara Guzella
Baixos
O público - A feira
Patrícia Cardoso Chaves
Clara Guzella regendo o público em "Noite Feliz"
Hallelujah - a última peça cantada em 2013. EMOCIONAR... a missão do CORO MADRIGALE.
QUE VENHA 2014.