Este post vai para os
muitos jovens regentes (baseado num bate-papo com um jovem
colega-amigo-desanimado-impaciente, em outros tempos), repetindo sempre: não
desanimem, estudem e, acima de tudo tenham paciência, paciência, paciência...
Há exatos 30 anos eu
entrei à frente de um coro, para reger. Exatamente da mesma maneira que muitos
outros o fazem aqui no Brasil, ou seja, sem conhecimento de técnicas de
condução, incentivado por um regente mais velho que, romanticamente, acreditava
que eu tinha talento e que, por isto, deveria começar desde cedo a dirigir, a
conduzir. Ao longo destes vários anos muitos cursos foram feitos, centenas de
concertos foram realizados, milhares de ensaios foram conduzidos, construindo e
desconstruindo a arte do gesto.
A técnica da
regência é incerta: a regência orquestral pede uma coisa, a coral outra,
tenta-se misturar as duas e nem sempre dá certo; alguns maestros pregam a
independência do gesto em função da circularidade das frases, outros acreditam
que a prevalência da manutenção do pulso é mais importante; Magnani acreditava
que a condução da frase era essencial; Carlos Alberto Pinto Fonseca afirmava o
ritmo na virilidade da sua condução, etc. Há como misturar as lógicas? Sim.
Vale a pena? Nem sempre. Uma conclusão? É uma arte que demanda estudo e
pesquisa do que se faz, tal qual é a arte do teatro de bonecos japonês
(Bunraku), que demanda quase a vida inteira para permitir aos artistas
movimentarem os bonecos integralmente. Outra conclusão? Não se rege coro como
se rege orquestra. Ainda outra? Falta muito para aprender a reger como meus
velhos mestres. Boa semana a todos.
Modéstia à parte, eu tenho um regente-maestro fantástico, atencioso, com um mega ouvido, muito sensível à mensagem das obras que executa e paciente (tá,nem sempre). :)
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