Reflexões
em torno de elementos básicos da Regência Coral
- ESTILO
Cabe,
a fidelidade ao estilo, exclusivamente à formação cultural do regente. Para os
regentes que começam, recomendaria uma preocupação especial com este aspecto
tão fundamental para uma recriação autêntica: o estilo.
O
estilo tem características de época, gênero ou forma musical, autor. Deveríamos
pesquisar inclusive, com que finalidade uma peça era composta em sua época, em
que locais era cantada e em que ocasiões, se por um grupo pequeno ou grande de
cantores, se era acompanhada por instrumentos, se era dançada ou representada.
(Por ex., na Renascença italiana, os “baletti” eram cantados, tocados e
dançados, enquanto as peças do Festino, de Banchieri, eram cantadas e
representadas). Sabendo o local, tentar fazer uma ideia da acústica onde tal
peça era apresentada. Importante também é conhecer os elementos formais ou
estruturais que caracterizam cada período, pois aí vemos que estilo não é algo
exterior ou uma maneira de interpretar, mas muito mais que isso, é inerente à
própria estrutura da música.
NOTA: Alguns exemplos: o contraponto
linear, resultante da superposição de melodias independentes, feitas na base de
graus conjuntos com poucos saltos, empregando os chamados “modos litúrgicos”,
são alguns característicos básicos das peças da Renascença, além de que, nesse
período, mesmo a música instrumental é escrava da escritura vocal. Já no
Barroco existe a tonalidade, porém a largos traços, dentro da chamada “forma aberta”:
a cadência só aparece no fim de um trecho ou no fim da peça, tudo ainda é
baseado em contraponto, especialmente na música coral. Só que, no último
barroco, característico da primeira metade do século XVIII, (Bach-Haendel), a
escritura vocal já imita a linguagem instrumental do século precedente, daí sua
maior complexidade técnica (ligada à tessitura, âmbito, respiração, vocalizes,
demandando pois uma técnica vocal que a Renascença não pedia...) Exemplo de um
elemento estrutural que caracteriza bem um estilo: cadência com a dissonância
resolvendo por salto de terça ascendente – característico do período de
transição para a Renascença (inícios do século XV – escola do inglês Dunstable
e da Escola de Borgonha: Dufay e Binchois, principalmente). Voltando mais
atrás, entre outros característicos estruturais (como as séries rítmicas) o
século XIV apresenta, com Machaut e Landino, sensíveis duplas, resolvendo
paralelamente.
(Nota: Quando um elemento estrutural se
torna reconhecível e se repete, torna-se também FORMAL, gera forma. É também
estilístico se caracteriza época, gênero ou compositor).
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