quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Shouts (negro spirituals)


Os primeiros NS foram inspirados pela música africana, diretamente, mesmo que as melodias não fossem muito diferentes dos hinos. Algumas delas, as quais eram chamadas de “shouts”eram acompanhadas com danças típicas que incluíam palmas e batidas de pés.

Shouts
Depois de um culto regular, as congregações de negros costumavam permanecer para um “ring shout”. Era uma forma de manutenção das danças primitivas africanas. Homens e mulheres formavam um círculo ou anel e a música começava e o anel começava a se mover, a princípio lentamente, depois com passos rápidos. A mesma frase musical era repetida por um longo tempo, o que produzia um estado de êxtase. As mulheres gritavam e caíam e os homens, exaustos, saiam do anel. Posteriormente, os ring shouts foram proibidos por ministros das igrejas, os quais acreditavam que as mesmas interferiam no processo de ministério cristão.





terça-feira, 28 de agosto de 2012

Soon ah will be done (negro spiritual)


O Madrigale tem uma longa história com este NS, já que foi uma das peças mais cantadas nos anos de fundação do coro. Naquela época, a peça fazia um grande sucesso em função do forte naipe de baixos que o coro possuía. Isto ainda acontece hoje, mas a realidade era outra, já que em 1993 o Coro tinha um total de 15 cantores. Tínhamos menos densidade do que atualmente, mas um arroubo muito maior, já que todos éramos muito jovens.

O arranjo é de William Dawson e alterna seções entre o pianíssimo e o fortíssimo. Nele, a mensagem é de certeza do encontro de um mundo melhor, um mundo onde a escravidão não mais existiria. Este elemento impregna os NS de todos os tempos, mesmo após o término da escravidão nos Estados Unidos, o que não significou o fim da discriminação dos negros por parte dos brancos.

No arranjo, por três vezes o tema é apresentado, sempre em pianíssimo, e as partes intermediárias, onde o texto se modifica, aparecem em fortíssimo. A exemplo de negros como Ain’a that good news?, o grande problema deste NS está relacionado ao tempo. Se muito lento, ou muito rápido, há um sacrifício do elemento rítmico da peça, responsável pela movimentação de um dos spirituals mais viris arranjados por Dawson.

Tradução:
Logo eu estarei longe dos problemas do mundo

Logo eu estarei indo para viver com Deus

Não mais choro nem lamentações

Eu quero encontrar minha mãe

Eu quero encontrar com meu Jesus


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Patrícia Chaves - Defesa de mestrado


Hoje o Madrigale se enche de alegria pela ocasião extremamente importante para uma de nossas cantoras. É o dia da defesa de dissertação de mestrado da nossa querida Patríca (Cardoso Chaves). Sua abordagem é sobre o Vocalize para soprano e octeto de violoncelos, escrito por Francisco Mignone em homenagem a Maria Lúcia Godoy.

Que este evento seja um sucesso, é o que é a nossa vontade mais profunda. Para aqueles que quiserem assistir, aqui vão as coordenadas:

Defesa de dissertação
Conservatório Mineiro de Música
Rua Afonso Pena, 1341
16h00

Recital obrigatório
Mesmo endereço
19h30

Sucesso, Patrícia!!!


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Um Negro Spiritual tradicional


Ev’ry time I feel the spirit

Uma das situações inusitadas ao lidarmos com NS é o termos que transitar entre o sacro e profano. Com exceção daqueles que falam a língua inglesa e têm um contato direto com a cultura americana, a grande maioria dos cantores de coro lidam com o spirituals como uma expressão intensa da rítmica do povo negro americano, ou seja, a base daquilo que vivenciamos no nosso tempo através, principalmente, do jazz e do blues. No entanto, a interpretação deve se basear primariamente na intenção sacra. É música sacra!!!

Claro que várias delas trazem suas mensagens subliminares ligadas à questão da fuga dos escravos na segunda metade do século XIX, mas a esperança contida em cada uma delas é o que faz com que um povo sobreviva a um sofrimento terrível. As mensagens são retiradas da Bíblia e, portanto, têm função de crença religiosa para todos os que ouviam e confiavam naquilo que ouviam e/ou cantavam.

Ev’ry time é uma das obras mais cantadas por coros em BH. O arranjo feito por Dawson é o mais apreciado, já que o feito por Hogan, mais recente, tem um conotação menos vibrante que o anterior. Marcado por um solo de barítono, traz o principio do refrão variado após cada inserção de texto pelo solista.

A tradução é a seguinte:
Toda vez que eu sentir o espírito movendo em meu coração eu vou orar.

Em cima da montanha, meu Senhor falou, de Sua boca saia fogo e fumaça.
Olhei tudo à minha volta e tudo parecia tão bom que eu perguntei ao meu Senhor se tudo era meu.

O rio Jordão é arrepiante e frio, ele arrepia o corpo, mas não a alma. Não há apenas um trem, neste caminho. Ele corre para o paraíso e volta.

Esta é a versão do Madrigale para este Negro. Solista – Bruno Maciel



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Negro Spirituals (4)


A partir do final do século XIX, com a criação das primeiras universidades negras, a necessidade de recursos financeiros fez com que alguns músicos montassem grupos de cantores para executarem suas canções de origem. O sucesso inesperado fez com que esta música embarcasse rapidamente para fora dos Estados Unidos, alcançando, até os meados do século XX, reconhecimento mundial.

A liberdade dada aos compositores nas composições de arranjos para as várias melodias cantadas pelos negros foi um dos motivos de enriquecimento e modernidade do gênero. Compositores, negros e brancos, têm conseguido enriquecer o universo musical dos spirituals através da sua visão pessoal e experiência musical. Músicos importantes são: William Dawson, Robert Shaw, Alice Parker, Robert DeCormier, Moses Hogan, etc. Este último merece uma especial atenção por se tratar do responsável por uma última revolução na abordagem das melodias negras. Trabalhando com o Moses Hogan Chorale e com o Moses Hogan Singers, criou um grande número de novos arranjos cantados, hoje, pelos corais do mundo inteiro e executados em concursos e festivais.

Infelizmente, Moses Hogan faleceu em 2003, o que nos faz aguardar uma nova geração de compositores renovadores dos spirituals.





quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Negro Spirituals (3)



Entre 1865 e 1925

Os Spirituals eram cantados nas igrejas com uma ativa participação da congregação (como é comum nas igrejas pentecostais). As letras permaneceram similares àquelas dos primeiros negro spirituals.
Elas eram frequentemente embelezadas e eram também chamadas de “canções de igreja” ou “jubilees” ou “holy roller songs”. Além disso, alguns hinos foram mudados por afro-americanos e se tornaram os “Dr Watts”
Dr WATTS
O Dr. Isaac Watts foi um ministro Inglês, que publicou vários livros: «Hymns e Spiritual Songs», em 1707, "Os Salmos de David", em 1717. As várias denominações protestantes aprovaram seus hinos, que foram incluídos em vários hinários daquela época.
Durante o período pós-Guerra Civil (Guerra de Secessão) e, mais tarde, alguns congregação realizavam serviços sem hinários. Um diácono (ou cantador) definia a afinação e lembrava as palavras metade cantando, metade recitando de maneira potente. As pessoas chamavam seus hinos de “hinos de longa duração (por causa do andamento muito lento) ou" Dr Watts ", mesmo que eles não tenham sido escrito por ele. Missionários informaram sobre o “extase” no qual os escravos ficavam cantando os salmos e hinos do Dr Watts..
A característica principal deste tipo de canto era a melodia melismática e agitada, pontuada depois de cada oração pela entonação do lider da próxima linha do hino. As vozes masculinhas dobravam as femininas uma oitava abaixo e terças e quintas ocorriam quando os indivíduos deixavam as melodias para cantar emu ma região mais confortável. A qualidade do canto era característica pelo sons guturais e/ou nasais com frequente exploração de falsetto, rosnados e gemidos.
Um exemplo para este tipo de canção é “Swing Low, Sweet Chariot”:
SWING LOW SWEET CHARIOT
Líder: Swing low, sweet chariot
Coro: Coming for to carry me home
Líder: Swing low, sweet chariot
Coro: Coming for to carry me home
Líder: If you get there before I do
Coro: Coming for to carry me home
Líder: Tell all my friends, I’m coming too
Coro: Coming for to carry me home



terça-feira, 21 de agosto de 2012

Negro Spirituals (2)


As melodias e os ritmos, antes de 1865

As melodias e os ritmos dos negro spirituals e canções Gospel são altamente influenciadas pela música do ambiente cultural de uma época. Isto significa que seu estilo está continuamente mudando.

Os primeiros negro spirituals foram inspirados pela música africana, diretamente, mesmo que as melodias não estivessem muito distantes daquelas dos hinos. Algumas delas, as quais eram chamadas de “shouts” eram acompanhadas com danças típicas que incluíam palmas e batidas de pés.

SHOUTS
Depois de um culto regular, as congregações costumavam permanecer para um “ring shout”. Era uma manutenção das danças primitivas africanas. Posteriormente, isto foi proibido por ministros e membros mais educados. Homens e mulheres formavam um círculo ou anel e a música começava, talvez com um Spiritual, e o anel começava a se mover, a princípio lentamente, depois com passos rápidos. A mesma frase musical era repetida por hora, o que produzia um estado de êxtase. As mulheres gritavam e caía e os homens, exaustos, saiam do anel.

Alguns cantos religiosos afro-americanos desta época eram chamados de gemidos (moan) ou sussurros (groan). Mas isto não quer dizer dor. É um tipo de feliz rendição proporcionada por uma canção, frequentemente misturada com um zumbido e variações melódicas espontâneas. (extraído de www.negrospiritual.com)


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Negro Spirituals (1)


Quase todos os primeiros africanos que chegaram ao Novo Mundo eram escravos, os quais tinham por hábito permanecerem após os cultos regulares para cantarem e dançarem. Diferente do Brasil, os senhores de escravos não permitiam aos negros tocarem tambores, como era habitual na África, o que desenvolveu uma tradição melódica tão importante no desenvolvimento não só dos spirituals, mas também das várias formas surgidas no século XX (blues, jazz, etc...)

As letras de negro spirituals eram intimamente ligados com a vida dos seus autores: os escravos. Enquanto as músicas de trabalho (work songs) se relacionavam apenas com a sua vida diária, spirituals eram inspirados pela mensagem de Jesus Cristo e seu Evangelho (Gospel): "Você pode ser salvo". Eles eram diferentes dos hinos e salmos, porque eram uma maneira de compartilhar a difícil condição de ser um escravo.

Muitos escravos na cidade e nas plantações tentaram fugir para “uma terra livre" (Heaven), que eles chamavam de "minha casa" (my home) ou "Doce Canaã, a Terra Prometida". Este país estava no lado norte do rio Ohio, o qual eles chamavam de "Jordão" (Jordan). Alguns negro spirituals referem-se à Underground Railroad - UGRR (ferrovia clandestina), uma organização para ajudar os escravos a fugir.

Um fugitivo, orientado pela URGG, podia seguir vários caminhos. Primeiro, eles tinham que andar à noite, iluminados por tochas ou pelo luar. Quando necessário, eles andavam na água (wade ), de modo que os cães não poderiam seguir o seu rastro. Segundo, eles saltariam nas carruagens (chariots) onde eles se esconderiam para irem embora da região. Estas carruagens (trens) paravam em algumas “estações” (stations), mas esta palavra podia significar algum lugar onde os escravos tinham que ir para serem levados na carga.

Assim, negro spirituals como Wade in the water, The Gospel Train e Swing Low, Sweet Chariot remetem diretamente à UGRR.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Próximo Concerto Madrigale: Negro Spirituals


Nosso próximo concerto será no dia 30 de agosto próximo, às 20h00, no Conservatório da UFMG. Cantaremos Negro Spirituals para aqueles que estão com saudades dos mesmos e para aqueles que não tiveram ainda a oportunidade de ouvirem o Madrigale cantando este gênero. Mas...

O que é um spiritual? O que é um negro spiritual? E mais uma pergunta para aqueles que adoram este gênero tão cheio de suingues: vocês sabiam que os NS são, acima de tudo, música religiosa?

Os coros do mundo inteiro se dedicam ao NS por ser um tipo de música altamente expressiva, vibrante, cativante, que permite um acesso fácil ao público culto ou leigo, mas, meu Deus, quantas são as aberrações interpretativas que vemos, sobretudo no youtube, motivadas pela não compreensão e entendimento do estilo. Então, tentemos entender o assunto.

O spiritual é um hino religioso. Os negros americanos os cantavam dentro e fora das igrejas, pois esta era a informação musical que eles tinham. Com o passar do tempo, elementos africanos são inseridos nos mesmos criando a primeira versão musical do povo afro-americano. Como até o século XIX, os negros americanos são escravos, os temas preferidos são aqueles relacionados à liberdade, à fuga do cativeiro, à esperança, a um paraíso na terra, etc... idéias que ainda se adéquam a qualquer cultura e raça ainda nos nossos tempos.

Amanhã continuarei com este assunto. Envio um link para o deleite de todos:



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Concerto do CORAL LÍRICO DE MG - Divulgação


Divulgando o concerto do Coral Lírico de Minas Gerais

Data: 16 de agosto
Horário: 19h30
Local: Museu Mineiro, Avenida João Pinheiro, 342 - Lourdes  
Soprano solo: Lilian Assumpção
Piano: Wagner Sander
Regência: Lincoln Andrade
Entrada Franca


Programa
FRANZ BIEBL
Ave Maria                                                                   

DAVID WILLCOCKS E WILLIAM SHAKESPEARE
Sigh no more, Ladies                                                                        
Full Fathom Five                                                                                 

JOHANNES BRAHMS
Zigeunerlieder (extratos), nos, 2, 4, 6, 8, 10 e 11             

RALPH VAUGHAM WILLIAMS E WILLIAM SHAKESPEARE
Drinking Song                                                                           

TRADICIONAL AMERICANO - ARRANJO: ROBERT SHAW E ALICE PARKER
Vive L’Amour                                                                             

BOB CHILCOTT
Skin                                                                                           
Gong-Gong                                                                            

FRANZ LEHÁR
Vilya, da ópera A Viúva Alegre                                             




sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Pós Concerto MPB, e o que virá...

Um belo concerto, foi o que tivemos ontem no Conservatório. Quem assistiu ficou feliz, quem não assistiu terá novas oportunidades em breve.
O que virá?

Concerto na Catedral da Boa Viagem
Coro Madrigale e Orquestra de Amigos do Madrigale
Dia 14/08/2012 - 20h00

Programa:
Missa da Coroação - W. A. Mozart

Solistas:
Indaiara Patrocínio
Patrícia Cardoso Chaves
Wagner Moreira
Mauro Chantal

Regência: Arnon Oliveira

Fotos de Ontem:





quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Pato (uma das músicas do concerto de amanhã)


Essa é uma das melhores do programa de amanhã, mas vejam só: quando eu propus às meninas que cantassem o Pato, de Jayme Silva e Neuza Teixeira, arranjo de Hely Drummond, elas torceram os belos narizes, pois temiam que pudessem parecer ridículas com um peça como esta dentro da estrutura do HelyElas (realizado no ano de 2011), a qual era , nos dizeres delas, muito séria e elegante. Propus, então, que ensaiássemos para que testássemos com Hely para ver qual seria o real efeito e resultado da peça.

Bem, assistam e digam o que acham da performance do “quarteto” das meninas do Madrigale.


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Hely Drummond, o pianista do Concerto MPB


Desde muito novo, Hely tem sido um músico atuante, tocando piano, flauta e violino. Foi músico e regente da orquestra da Rádio Inconfidência. Tocou com um sem número de músicos ao longo de sua vida, seja como músico erudito, em orquestras, seja como músico da noite, em conjuntos.

Como é comum em nossa terra (Ó, Minas Gerais!!! Ai, Minas Gerais), o tempo passa, estes músicos se aposentam dos serviços oficiais e são esquecidos pelas novas gerações, que se consideram “melhores” músicos.

Sorte nossa, que encontramos pelo caminho, fortuitamente, este sujeito, do qual ainda pretendemos falar um tanto, meio forçosamente, pois sabemos que ele, quando souber que estamos falando dele para os outros, vai nos olhar meio torto. Mas não faz mal. Nós já somos fãs e se conseguirmos mais alguns, estamos felizes!!!

Vejam Hely Drummond tocando uma das nossas preferidas:


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Um semestre intenso

A agenda do Madrigale para este semestre está fechada, com uma programação diversificada e interessante, e realmente funcionaremos do Erudito ao Popular. O primeiro concerto, com músicas da MPB arranjadas para coro, se insere justamente dentro de uma série do Conservatório da UFMG que recebe este nome: "Do Erudito ao Popular". Nesta apresentação teremos a presença do grande músico e amigo do Madrigale Hely Drummond. Espero que nos encontremos lá.



CONCERTO MPB
Coro Madrigale
Regência: Arnon Oliveira
Pianista convidado: Hely Drummond

Série “Do Erudito ao Popular”
Local: Conservatório UFMG
Av. Afonso Pena, 1534 – Centro
Quinta-feira, 09 de agosto, 20h
Ingressos: R$ 20,00 / 10,00 (meia)


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

4 cantos na Praça (Coral BDMG) - Divulgação



A Série 4 Cantos Coral na Praça, temporada 2012, se inicia hoje. O evento, organizado pelo Coral BDMG há 18 anos, acontece a cada primeira quinta-feira de cada mês, de abril a setembro. Tem por finalidade a valorização do canto coral em Minas Gerais, divulgando a música e o canto coral, criando oportunidades aos grupos para divulgação da atividade, incentivando grupos infantis e de formação recente, possibilitando o congraçamento entre integrantes dos diversos coros e apoiando aqueles que vêm desenvolvendo trabalhos destacáveis de canto polifônico ou folclórico pela mídia.

Praça da Assembléia
Olegário Maciel, 2050 – Santo Agostinho (BH)
19:30h