segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Sacro X Profano

Considerações do maestro, pensando na programação do segundo semestre:

Há bem pouco tempo atrás, os corais tinham por hábito montar seus concertos em duas partes: uma com músicas sacras, e outra com músicas profanas (posteriormente, chamávamos a segunda parte de “populares”). Hoje, os concertos são mais ecléticos, sendo que os gêneros não mais são diferenciados. Canta-se música coral, e pronto.

Eu próprio fui um dos que considerava importante uma miscigenação dos gêneros, por entender que sua separação mais prejuízos do que benefícios trazia. No entanto, o tempo passa e a distância dos elementos exclusivamente sacros começam a fazer falta na completa maneira de pensar o interpretar a música. Há uma discussão constante do que é o “mistério” quando se canta música sacra, que não é possível pensar em outros gêneros. Termos como “amor”, “prazer”, “gozo”, “êxtase”, “paixão”, “sofrimento”, “desespero”, etc. têm significado único e diferente neste contexto, e é justamente na diferenciação da música coral da instrumental que a palavra tem a sua importância máxima. O termo para isto é verbalização. Para quem canta, o texto de São João é altamente significativo: No princípio era o Verbo, e o Verbo se fez... cantando.


No nosso tempo, exprimir-se em termos sacros não é bem visto quando se canta em teatro. Música sacra se faz na igreja, e ponto. Desconsideremos. Música sacra se canta em qualquer lugar, porque ela é única enquanto sacra, porque ela evoca em nós sensações e sentimentos os quais não são “palpáveis”, nem “visíveis” na música popular (profana). São universos diferentes. Faz parte do “MISTÉRIO”. Amém.

3 comentários:

  1. Sou meio suspeito pra dizer, mas... Amém!
    Pedro.

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  2. Amém!
    A arte não precisa de um pedestal ou moldura para ser arte. Arte é expressão!
    Assim como a arte visual pode e deve sair do museu, pode a música sacra sair da igreja!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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