segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Reflexões

Este post vai para os muitos jovens regentes (baseado num bate-papo com um jovem colega-amigo-desanimado-impaciente, em outros tempos), repetindo sempre: não desanimem, estudem e, acima de tudo tenham paciência, paciência, paciência...

Há exatos 30 anos eu entrei à frente de um coro, para reger. Exatamente da mesma maneira que muitos outros o fazem aqui no Brasil, ou seja, sem conhecimento de técnicas de condução, incentivado por um regente mais velho que, romanticamente, acreditava que eu tinha talento e que, por isto, deveria começar desde cedo a dirigir, a conduzir. Ao longo destes vários anos muitos cursos foram feitos, centenas de concertos foram realizados, milhares de ensaios foram conduzidos, construindo e desconstruindo a arte do gesto.


A técnica da regência é incerta: a regência orquestral pede uma coisa, a coral outra, tenta-se misturar as duas e nem sempre dá certo; alguns maestros pregam a independência do gesto em função da circularidade das frases, outros acreditam que a prevalência da manutenção do pulso é mais importante; Magnani acreditava que a condução da frase era essencial; Carlos Alberto Pinto Fonseca afirmava o ritmo na virilidade da sua condução, etc. Há como misturar as lógicas? Sim. Vale a pena? Nem sempre. Uma conclusão? É uma arte que demanda estudo e pesquisa do que se faz, tal qual é a arte do teatro de bonecos japonês (Bunraku), que demanda quase a vida inteira para permitir aos artistas movimentarem os bonecos integralmente. Outra conclusão? Não se rege coro como se rege orquestra. Ainda outra? Falta muito para aprender a reger como meus velhos mestres. Boa semana a todos.

Um comentário:

  1. Modéstia à parte, eu tenho um regente-maestro fantástico, atencioso, com um mega ouvido, muito sensível à mensagem das obras que executa e paciente (tá,nem sempre). :)

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