terça-feira, 28 de julho de 2015

Reflexões (1)

(Repetição de post)

Este vai para os muitos jovens regentes (baseado num bate-papo com um jovem colega-amigo-desanimado-impaciente em outros tempos), repetindo sempre: não desanimem, estudem e, acima de tudo, tenham paciência, paciência, paciência...

Há mais de 30 anos, eu comecei a reger coros. Exatamente da mesma maneira que muitos outros o fazem aqui no Brasil, ou seja, sem conhecimento de técnicas de condução, incentivado por um regente mais velho que, romanticamente, acreditava que eu tinha talento e que, por isso, deveria começar desde cedo a dirigir, a conduzir. Ao longo destes vários anos, muitos cursos foram feitos. Centenas de concertos, realizados. Milhares de ensaios, conduzidos. Uma construção e descontrução da arte do gesto.

A técnica da regência é incerta: a regência orquestral pede uma coisa. A coral, outra. Tenta-se misturar as duas e nem sempre dá certo. Alguns maestros pregam a independência do gesto em função da circularidade das frases, outros acreditam que a prevalência da manutenção do pulso é mais importante. Magnani acreditava que a condução da frase era essencial; Carlos Alberto Pinto Fonseca afirmava o ritmo na virilidade da sua condução, etc. Há como misturar as lógicas? Sim. Vale a pena? Nem sempre. Uma conclusão? É uma arte que demanda estudo e pesquisa do que se faz, tal qual é a arte do teatro de bonecos japonês (Bunraku), que demanda quase a vida inteira para permitir aos artistas movimentarem os bonecos integralmente. Outra conclusão? Não se rege coro como se rege orquestra. Ainda outra? Falta muito para se aprender a reger como meus velhos mestres. (amanhã eu continuo...)

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