sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Super flumina Babylonis - Palestrina

Ao retomar o semestre, saído da solidão reflexiva do doutorado, tomei como ponto de partida, e de recolocação mundana, a tarefa árdua e prazerosa de trabalhar os coros que rejo em aspectos técnicos que são essenciais para a qualidade deles (em coros, parafusos devem ser apertados eventualmente, sob risco de perdermos a disciplina do ritmo, da afinação, da harmonia e do equilíbrio). No meu caso, prefiro sempre trabalhar pontos específicos com peças referenciais. Sem entrar nos segredos do que está defasado em algum dos coros, uma das peças de referência do semestre, para os trabalhos com o Madrigale, é o moteto Super flumina Babylonis, do compositor italiano Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525-1594), ou, simplesmente, Palestrina. Essa peça é especial para mim por remeter aos meus tempos de menino cantor, além de mostrar a dramaticidade atingida na alta Renascença por esse grande compositor.

Um moteto é uma composição coral que não existe sem um texto para lhe dar forma. Os temas musicais, geralmente curtos na Renascença, mudam à medida em que as frases textuais se modificam. Então, não tentem ouvir um moteto procurando similaridades entre uma parte e outra.  O texto do Super flumina são os versículos 1 e 2 do Salmo 136, que fala do exílio do povo hebreu na Babilônia e seu sofrimento quando se lembravam da terra natal:

‘Às margens dos rios da Babilônia, nos assentávamos chorando, lembrando-nos de Sião.
Nos salgueiros daquela terra, pendurávamos, então, as nossas harpas.’



Nenhum comentário:

Postar um comentário